Publicação das “Chapas Sínicas” pela Fundação Macau que contêm os preciosos arquivos sino-portugueses
01/11/2017

Recentemente, foi anunciado pelo UNESCO que a Colecção denominada “Chapas Sínicas” (Registos Oficiais de Macau durante a Dinastia Qing (1693-1886)) passou a fazer parte do Registo da Memória do Mundo. Crê-se que os estudos históricos sobre Macau captarão mais uma vez a atenção do sector académico a nível internacional.


A colecção “Chapas Sínicas” foi levada para Portugal no século XIX e mais tarde transferida para fazer parte do espólio do Arquivo Nacional da Torre do Tombo (ANTT). A Fundação Macau publicou em 1999 a “Colecção de Documentos Sínicos do ANTT referentes a Macau durante a Dinastia Qing” que é a reprodução em microfilme retirada do Arquivo de Macau do Instituto Cultural do ANTT em 1989. O livro foi editado e anotado por Liu Fang e Zhang Wenqing e compreende mais de 1,500 ofícios escritos em língua chinesa. A Colecção “Chapas Sínicas” é constituída por documentos oficiais e não-oficiais datados a partir de meados do século XVIII até meados do século XIX. A maior parte do acervo da Colecção é composta por correspondência oficial trocada entre a administração de Macau, magistrados de Xiangshan e outros funcionários chineses e os procuradores do Leal Senado de Macau durante o exercício da soberania chinesa sobre o território de Macau. Parte dos arquivos reflecte a soberania jurisdicional e territorial da China sobre

Macau e os termos e limitações que foram estabelecidos para o controlo da administração portuguesa de Macau, contando ainda com os relatórios e petições apresentados pelas autoridades portuguesas de Macau e as respostas recebidas das autoridades chinesas de Guangdong. Além disso, há documentos como contas, cartas, actos jurídicos e contratos que estão associados às condições sociais da época, nomeadamente da vida quotidiana, desenvolvimento urbano, produção agrícola e industrial, comércio, entre outras.


Na organização das “Chapas Sínicas”, verificou-se a versão traduzida dos ofícios e as respostas aos ofícios. A Fundação Macau organizou estes arquivos em português e publicou em 2000 o livro com o título “Correspondência Oficial Trocada entre as Autoridades de Cantão e os Procuradores do Senado – Fundos das Chapas Sínicas em Português (1749-1847)” em 8 volumes, editados e anotados por Jin Guoping e Wu Zhiliang. O livro compreende 4000 páginas com 2010 documentos, cobrindo o período entre 1749 e 1847. Os arquivos contêm não só toda a História de Macau em termos políticos, administrativos, económicos, religiosos e até os contactos com os piratas como a lista completa dos procuradores do Senado que trataram dos assuntos com as autoridades portuguesas e de Cantão e, ainda, o nome completo das personalidades, das ruas e dos navios. 


Os livros estão à venda nas livrarias de Macau. O livro completo da“Colecção dos Documentos Sínicos do ANTT referentes a Macau durante a Dinastia Qing” está disponível na Biblioteca Virtual de Macau. (http://www.macaudata.com) para o acesso gratuito.